Desde que comecei a fazer este desafio com os meus leitores que nunca tive tantas dúvidas quanto às minhas escolhas na categoria que mais interessa acertar – Melhor Filme. Como sempre, temos algumas categorias mais óbvias (*cough*DiCaprio*cough*) e outras que nos deixam com a cabeça a doer, mas é esse o prazer masoquista de tentar fazer estas previsões. Esta é uma noite em que antevejo “The Revenant” sair como o grande vencedor, mas com o mesmo número de Óscares de “Mad Max: Fury Road”. Seja como for, será uma noite com suspense até ao último segundo. Assim, a minha maior previsão é que as empresas portuguesas na próxima segunda-feira vão estar povoadas por um número inusitado de zombies com insónias. Sem mais demoras, as minhas previsões:
Melhor Filme
“The Big Short”
“Bridge of Spies”
“Brooklyn”
“Mad Max: Fury Road”
“The Martian”
“The Revenant” – As minhas previsões começam com, provavelmente, a corrida mais difícil de prever em toda a competição. “Spotlight” começou a “corrida” como o claro favorito – e conta com vitórias nos prémios dos argumentistas e, acima de tudo, o prémio de Melhor Elenco do sindicato dos atores (normalmente, um excelente indicador para Melhor Filme, dado que a classe mais representada dos membros da Academia são os atores). Depois temos “The Big Short”, que também foi premiado pelo seu argumento e foi o surpreendente vencedor do prémio do sindicato dos produtores, uma das melhores “bolas de cristal” para o grande prémio. E, no entanto, eu acho que, nesta corrida incrivelmente apertada a três, vai ganhar “The Revenant”. Durante toda a corrida hesitei em aceitar que a Academia iria premiar o mesmo realizador dois anos seguidos (algo que não acontece desde os anos 50 – se ganhar Melhor Filme e Melhor Realizador dois anos seguidos, Alejandro G. Iñárritu será o primeiro a fazê-lo), mas o “momentum” está todo do lado dele, depois de vitórias nos Golden Globes, nos BAFTA e, acima de tudo, depois de Iñárritu ter saído vencedor no duelo dos prémios dos realizadores. É a escolha mais difícil da noite, mas acredito que se vai fazer história nestes Óscares.
“Room”
“Spotlight”
Melhor Realizador
Adam McKay, “The Big Short”
George Miller, “Mad Max: Fury Road”
Alejandro G. Iñárritu, “The Revenant” – Embora não possamos necessariamente dizer que esteja entregue, este prémio será um pouco mais fácil de prever. Apenas dois dos nomeados estão verdadeiramente na luta e um deles tem arrecadado todos os prémios relevantes a caminho dos Óscares. Seria muito interessante ver um veterano como George Miller ganhar a estatueta pelo seu inspirado trabalho num dos mais desconcertantes e originais filmes de pura ação das últimas décadas, mas não vejo outra pessoa a ganhar que não Alejandro G. Iñárritu. Mesmo com a “desvantagem” de alguns votantes poderem achar excessivo ele ganhar dois Óscares seguidos, o realizador mexicano é o claro favorito.
Lenny Abrahamson “Room”
Tom McCarthy, “Spotlight”
Melhor Ator Principal
Bryan Cranston, “Trumbo”
Matt Damon, “The Martian”
Leonardo DiCaprio, “The Revenant” – Antes de voltarmos às dores de cabeça, vamos fazer uma pequena pausa para atribuirmos alguns dos prémios mais óbvios da noite. Leonardo DiCaprio vai ganhar o Óscar. Vou repetir, para que fique bem claro. Leonardo DiCaprio vai ganhar o Óscar. Está entregue. Principalmente num ano em que a concorrência não está especialmente feroz. A haver alguma surpresa, eu colocaria o meu dinheiro em Matt Damon, mas não vai haver nenhuma surpresa. Leonardo DiCaprio vai ganhar o Óscar. O único elemento de surpresa aqui será a quem vai agradecer no discurso.
Michael Fassbender, “Steve Jobs”
Eddie Redmayne, “The Danish Girl”
Melhor Atriz Principal
Cate Blanchett, “Carol”
Brie Larson, “Room” – Embora a narrativa de “finalmente vamos poder-lhe dar o Óscar que tanto merece” não esteja tão presente aqui, também Brie Larson tem a passadeira vermelha estendida para o prémio. O seu papel central na principal surpresa do ano, o poderoso “Room”, tem sido premiado ao longo de toda a temporada “oscariana” e não há qualquer razão para achar que vai acontecer de outra forma. A possibilidade de haver uma surpresa nesta categoria é um pouco maior que na de Ator Principal, mas continua a ser minúscula. A acontecer, seria com Saoirse Ronan, mas não acredito, de todo, que vá acontecer.
Jennifer Lawrence, “Joy”
Charlotte Rampling, “45 Years”
Saoirse Ronan, “Brooklyn”
Melhor Ator Secundário
Christian Bale, “The Big Short”
Tom Hardy, “The Revenant”
Mark Ruffalo, “Spotlight”
Mark Rylance, “Bridge of Spies”
Sylvester Stallone, “Creed” – Nas categorias de atores e atrizes, nenhuma corrida é mais apertada que esta. Este ano torna-se ainda mais difícil de prever, dado que o sindicato dos atores premiou Idris Elba, em “Beasts of No Nation”. Assim, o que escolher? Tanto Mark Ruffalo como Mark Rylance têm óptimas possibilidades de roubar este prémio, mas estou em crer que a Academia não vai conseguir resistir a fechar o conto de fadas musculado que tem sido a vida e carreira de Sylvester Stallone com a chave de ouro de um Óscar. É essa a minha previsão mas, se querem ganhar um concurso de apostas com uma escolha meio fora e tentar acertar no “upset” na noite, esta é a categoria para arriscar.
Melhor Atriz Secundária
Jennifer Jason Leigh, “The Hateful Eight”
Rooney Mara, “Carol”
Rachel McAdams, “Spotlight”
Alicia Vikander, “The Danish Girl” – Rooney Mara está ali à espreita para fazer uma surpresa. Kate Winslet era a favorita no início da “campanha” e conta com um Golden Globe e um BAFTA na sua sacola. Mas, principalmente após a sua vitória junto do sindicato dos atores, a grande favorita à vitória é Alicia Vikander. A atriz sueca, que também esteve em grande destaque este ano em “Ex Machina”, teve uma das performances mais vistosas dentro desta categoria e está claramente na liderança. O que é questionável é que o seu papel ou de Rooney Mara sejam “secundários”, mas as maquinações da indústria para chegar aos Óscares são todo um outro texto que poderia ser escrito.
Kate Winslet, “Steve Jobs”
Melhor Argumento Adaptado
Adam McKay e Charles Randolph, “The Big Short” – Esta é uma categoria onde não há falta de bons argumentos, mas antes falta de concorrentes credíveis à vitória. “The Big Short” chega a esta categoria com três grandes fatores que indicam o seu favoritismo. Primeiro, saiu vencedor nos prémios do sindicato dos argumentistas. Segundo, tem sido (justamente) elogiado pelo modo como conseguiu tornar as complexas maquinações financeiras que originaram a crise num texto dinâmico, fácil de compreender e até, a espaços, divertido. Por fim, se se confirmar a vitória de “The Revenant” como Melhor Filme, os membros da Academia deverão encarar esta estatueta como um bom prémio de consolação.
Nick Hornby, “Brooklyn”
Phyllis Nagy, “Carol”
Drew Goddard, “The Martian”
Emma Donoghue, “Room”
Melhor Argumento Original
Matt Charman, Joel & Ethan Coen, “Bridge of Spies”
Alex Garland, “Ex Machina”
Pete Docter, Meg LeFauve e Josh Cooley, “Inside Out”
Tom McCarthy e Josh Singer, “Spotlight” – Outro argumento que, sendo na mesma excelente, deverá ganhar mais como consolação pela derrota na estatueta mais cobiçada. O facto de ter ganho junto das premiações dos argumentistas cimenta ainda o seu estatuto de liderança nesta “corrida”. O maior concorrente que Tom McCarthy e Josh Singer vão, provavelmente, enfrentar será o brilhante texto do aclamado “Inside Out”, mas, dado que um filme de animação nunca saiu vencedor em qualquer categoria de Melhor Argumento, esta é uma hipótese muito, muito remota.
Andrea Berloff e Jonathan Herman, “Straight Outta Compton”
Melhor Fotografia
“Carol”, Ed Lachman
“The Hateful Eight”, Robert Richardson
“Mad Max: Fury Road”, John Seale
“The Revenant”, Emmanuel Lubezki
“Sicario”, Roger Deakins
Melhor Montagem
“The Big Short”, Hank Corwin
“Mad Max: Fury Road”, Margaret Sixel
“The Revenant”, Stephen Mirrione
“Spotlight”, Tom McArdle
“Star Wars: The Force Awakens”, Maryann Brandon e Mary Jo Markey
Melhor Filme de Animação
“Anomalisa”, Duke Johnson e Charlie Kaufman
“Boy And The World”, Alê Abreu
“Inside Out”, Pete Docter e Ronnie Del Carmen
“Shaun the Sheep”, Mark Burton e Richard Starzak
“When Marnie Was There”, Hiromasa Yonebayashi
Melhor Filme Estrangeiro
“Embrace of the Serpent”, Colombia
“Mustang”, France
“Son of Saul”, Hungary
“Theeb”, Jordan
“A War”, Denmark
Melhor Banda Sonora Original
“Bridge of Spies”, Thomas Newman
“Carol”, Carter Burwell
“The Hateful Eight”, Ennio Morricone
“Sicario”, Jóhann Jóhannsson
“Star Wars: The Force Awakens”, John Williams
Melhor Música Original
“Earned It” de “Fifty Shades of Grey”
“Til It Happens To You” de “The Hunting Ground”
“Writings on the Wall” de “Spectre”
“Manta Ray” de “Racing Extinction”
“Simple Song #3” de “Youth”
Melhor Direção Artística
“Bridge of Spies”
“The Danish Girl”
“Mad Max: Fury Road”
“The Martian”
“The Revenant”
Melhor Guarda-Roupa
“Carol”
“Cinderella”
“The Danish Girl”
“Mad Max: Fury Road”
“The Revenant”
Melhor Caracterização
“The 100-Year-Old Man Who Climbed out the Window and Disappeared”
“Mad Max: Fury Road”
“The Revenant”
Melhor Documentário
“Amy”
“Cartel Land”
“The Look of Silence”
“What Happened, Miss Simone?”
“Winter on Fire”
Melhor Documentário, Curta-Metragem
“Body Team 12”
“Chau Beyond the Lines”
“Claude Lanzmann”
“A Girl in the River”
“Last Day of Freedom”
Melhor Curta-Metragem, Animação
“Bear Story”
“Prologue”
“Sanjay’s Superteam”
“We Can’t Live Without Cosmos”
“World of Tomorrow”
Melhor Curta-Metragem, Live Action
“Ava Maria”
“Day One”
“Everything Will Be Okay”
“Shok”
“Stutterer”
Melhor Montagem de Som
“Mad Max: Fury Road”
“The Martian”
“The Revenant”
“Sicario”
“Star Wars: The Force Awakens”
Melhor Mistura de Som
“Bridge of Spies”
“Mad Max: Fury Road”
“The Martian”
“The Revenant”
“Star Wars: The Force Awakens”
Melhores Efeitos Visuais
“Ex-Machina”
“Mad Max: Fury Road”
“The Martian”
“The Revenant”
“Stars Wars: The Force Awakens”
PS: Não se esqueçam de fazer as vossas previsões de quem vai ganhar este ano e participar no Oscar Challenge 2016. Vejam o que têm de fazer clickando aqui.
Pedro Quedas